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Jonasnuts

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Bicho do mato

Jonasnuts, 25.11.13

Sempre fui bicho do mato. E sempre fui impaciente. Sempre preferi ficar em casa, ouvir a minha música e dançar na minha sala, a ir para a bicha da discoteca in, fazer olhinhos ao porteiro, para que este me deixasse entrar. Aliás, com um destes simpáticos agentes da autoridade privada tenho uma história que ilustra bem o ponto de vista que pretendo expressar neste post.

 

Ia eu toda lampeira a entrar pelo Plateau adentro (quando estava na moda, parece), e o senhor aproxima-se de mim, barra-me a entrada, põe-me a mão no ombro e diz com aquele arzinho de administrador de condomínio recém-eleito avança com um "penso que não nos conhecemos". Não gostei do ar, nem da mão no meu ombro (vai lá pôr a mãozinha no ombro da puta que te pariu, espera aí que eu já te lixo), e limitei-me a sorrir de volta, retorquindo "é natural que não nos conheçamos, eu não tenho por hábito conviver com porteiros". Obviamente nem tentei entrar depois disso. Dei meia volta e fui-me embora. No dia seguinte expliquei às pessoas com quem ia ter o que se tinha passado, e recebi de volta uma expressão que conheço há muito, rolar de olhos, suspiro, esta gaja não tem cura.

 

Aliás, a minha mãe e a minha irmã passam a vida a olhar, cúmplices, uma para a outra, quando digo qualquer coisa que lhes faz cair a ficha, aquele ar de "pois, não há nada a fazer".

 

Passei isto ao meu filho. Bichas,  filas, trânsito, ajuntamentos, aglomerados, manifs, carneiradas, e é vê-los a olharem um para o outro e, muitas vezes sem ser preciso dizer uma palavra, dar meia volta e ir noutra direcção qualquer. Não sabemos para onde vamos, mas sabemos que não queremos ficar ali.

 

Assim que começa a Primavera, começa mais um ciclo. As esplanadas da linha de Cascais começam a encher-se. É o início de dieta de esplanadas, para nós. Porque do que eu gosto nas esplanadas é da calma, poder fazer uma pausa, olhar para o mar, assim, sem ser de repente. Chegar e estar às moscas. Sentar numa mesa, ser atendida, esperar o razoável, comer sem o stress do "ah, há ali pessoas que se querem sentar, vamos lá a despachar", saborear a comida (que é pouco mais que um pretexto), beber um café, fumar um cigarro sem ter de me preocupar com o facto do fumo ir para cima de quem está na mesa do lado. Mais um café. A conta. Bora? Bora.

 

Assim sendo, no Outono começo a entrar e estado de graça e no Inverno é que é.

 

E esta é a única justificação para que, no último fim de semana de Novembro, quando estavam certamente temperaturas negativas, eu, que não saio de casa para ir à praia, tivesse saído para ir à Marina de Cascais e à esplanada de S. Pedro. Chovia a cântaros. Foi tão bom.

 

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