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Jonasnuts

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Ensitel (take 6)

Jonasnuts, 22.05.09

Então cá vamos nós.

 

Recapitulando para quem apenas agora apanha o comboio (e isto é a versão muito condensada).

 

Comprei um telemóvel na Ensitel. Passada uma semana o telemóvel avaria. Vou à Ensitel para que seja trocado por um novo (de acordo com as condições do contrato), o equipamento é avaliado pelos senhores da loja, é dado como bom para troca, mas não há o mesmo equipamento em stock na grande Lisboa. Sou encaminhada para a Nokia, onde me dizem que tenho direito a um equipamento novo, na Ensitel. Regresso à Ensitel, exponho o caso, o telemóvel é, de novo, avaliado como bom para troca, mas não há stock, portanto recusam-se a receber o equipamento (pela segunda vez). Solicito a resolução do contrato (e a devolução do dinheiro) e de repente, miraculosamente, aparece um telemóvel em stock, na zona de Lisboa. Dirijo-me à loja onde o telemóvel fica reservado em meu nome, para a troca, e os senhores da Ensitel descobrem no meu telemóvel, que até ao momento tinha sido avaliado como estando em excelentes condições, um risco no écran (porra nenhuma, o telemóvel não está riscado no écran). Regresso à loja de origem, e nessa viagem de regresso risca-se a tampa da bateria (sim, o risco minúsculo da tampa da bateria existe de facto, ao contrário do do écran). Na loja de origem não vêem qualquer risco no écran, mas como agora tem um risco na tampa da bateria não trocam.

 

Depois de muita correspondência trocada, e depois de metido o centro de arbitragem de conflitos de consumo de Lisboa ao barulho, houve ontem um julgamento.

 

E o que é que o senhor doutor juiz decide? O juiz decide ignorar todas as tentativas de entrega do equipamento "não interessa as condições em que estava o equipamento quando o tentou entregar nem da primeira nem da segunda vez", mas ó senhor doutor juiz, o telemóvel foi dado como bom, para troca, pela Ensitel de todas as vezes, e eles recusaram-se a aceitar o equipamento - isso não interessa para nada, a senhora devia era ter recusado a recusa da Ensitel. Ainda estou para saber como é que eu recusava a recusa. Deixava o telemóvel em cima do balcão e vinha-me embora?

 

Verdade seja dita que assim que entrei na salinha e olhei para o juiz, pensei como os meus próprios botões "estou fodida". Fruto certamente de preconceitos relacionados com a idade do senhor, e com a postura que adoptou desde o início.

 

No final o senhor ordenou-me que entregasse o telemóvel à Ensitel para que esta o reparasse ao que eu respondi, com todo o respeito Sr. Dr. Juiz, nem que a vaca tussa eu reato qualquer contacto com a Ensitel. Ah, mas perde a garantia. Não, não perco, porque vou mandar o telemóvel para a Nokia, e quem me garante o equipamento é o fabricante e não o vendedor.

 

No fundo o que o 3º poder fez foi dizer à Ensitel "sim senhor, os senhores podem fazer gato sapato do consumidor, e podem recusar-se a receber equipamento em condições, e podem deixar de cumprir os vossos compromissos". E a mim, consumidora, o que me disse foi "minha senhora, aqui, você é o mexilhão, e não venha à procura de justiça, que não é no tribunal que a vai encontrar".  Na sentença (da qual terei uma cópia um dia destes) na descrição do problema, optou até por não incluir as várias tentativas de devolução do equipamento. Pura e simplesmente não as referiu, mas não se esqueceu de referir que a reclamante "confessa" que o equipamento apresenta um risco na tampa da bateria. Na altura do ditado da sentença eu já não estava nem aí e enviava sms à família, mas não pude conter uma gargalhada quando ele omite o que acha irrelevante e de seguida usa a palavra "confessa".

 

Tenho várias opções. Posso recorrer. Mas tendo em conta que o telemóvel foi comprado em Fevereiro e este processo burocrático já vai em 3 meses, chateia-me não estar a usá-lo. Vou pô-lo a reparar na Nokia e vou usá-lo.

 

Várias coisas aconteceram durante este processo que ficou concluído ontem. A Ensitel, mais do que perder uma cliente, ganhou uma inimiga, e há um pássaro brasileiro chamado cácalharás. E a justiça portuguesa ganhou mais uma descrente no sistema. Não que faça muita mossa, assim como assim a justiça portuguesa já soma uma razoável seita de descrentes, serei apenas mais uma. Aprendi também que nestas coisas de relacionamento com empresas, não se pode facilitar. Quando os senhores descobrem miraculosamente que afinal há um telemóvel em stock, eu devia ter-me borrifado para o milagre, e devia ter optado pelo dinheiro.

 

Se há coisa que me tire do sério é sentir-me injustiçada. Sentimentos de injustiça e de impotência são dos que mais me deixam fora de mim. Podia usar a lei a meu favor e, ao abrigo desta, irritar solenemente a Ensitel, mas não irei por aí. Há outros caminhos e, apesar de não querer canalizar a minha energia de forma negativa, nem querer fazer disto um cavalo de batalha, há aquele bocadinho de mim que está cheio de vontade de fazer umas contas, de recolher uns dados estatísticos e depois, já que o 3º poder não funciona, recorrer ao 4º e ao 5º.

 

Não é a última vez que escrevo aqui sobre a Ensitel. E isto não é uma ameaça, é uma promessa.

 

 

(Veja também Ensitel take 1, Ensitel take 2, Ensitel take 3, Ensitel take 4, Ensitel take 5)

9 comentários

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    BaBe 10.09.2009

    Pois é Ines ... concordo plenamente consigo... Talvez se esta senhora fosse proprietaria de uma garnde empresa percebesse como é que as coisas funcionam... alias acho que nem é preciso tanto... Acima de desrespeitar uma empresa com peso a nivel nacional, tambem desrespeitou os seus funcionarios que apenas estão nas lojas a cumprir com aquilo que lhes é pedido. E quanto ao risco da tampa, ja que a senhora é tão intiligente , bastaria ao fazer a troca do equipamento a senhora ficar com a capa do 1º !!! Isto é ficava com um equipamento novo, mas com a capa riscada !!! Se calhar teria poupado 3 meses!!!!
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    Jonasnuts 10.09.2009

    Cara Babe, recomendaria vivamente que antes de vir fazer comentários sarcásticos sobre a minha "intiligência", aprendesse a escrever, nomeadamente a palavra "inteligente". E depois, em nenhum momento eu desrespeitei os funcionários, com os quais mantive sempre uma conversa educada.

    Por último, não merece respeito uma empresa que maltrata os seus clientes, e sim, eu sugeri que trocassem o telemóvel e me deixassem a tampa riscada (que não estava riscada nas minhas duas primeiras tentativas de devolução), a Ensitel é que não quis.
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    BaBe 10.09.2009

    E sabe que mais?? A ensitel tem toda a razão em não trocar o equipamento... as trocas são feitas quando o equipamento se encontra no mesmo estado em que é adquirido!!!!

    Força ENSITEL!!!

    E já agora ... sou cliente ENSITEL a 9 anos, sou e serei!!!!
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    Jonasnuts 11.09.2009

    Cara Babe, enganou-se e mandou-me um mail, quando tinha começado a trocar impressões comigo aqui no Blog.

    Não se apoquente, eu transcrevo o mail que me enviou:

    "Eu devo as propinas ....

    Tu deves ao chulo que te fode ... por isso tens de passar tanto tempo no pc... e em tribunais... a dizer mal de quem trabalha e de quem faz o pais andar para a frente!!!!!


    Paga ao teu chulo pode ser que ele ainda te de uma foda ... mas paga-lhe bem!!! Coitado!!!!"

    Confirma-se portanto o que eu dizia, a sua escola é de facto muito má, quer a que a deveria formar academicamente quer a que a deveria ter formado do ponto de vista da educação, portanto, falhou a escola e falharam os seus paizinhos.

    Num próximo contacto, ao menos tenha os tomates de assumir publicamente a merda que diz, sim?
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    Miguel 11.09.2009

    As tuas respostas são sempre assim geniais ou é só quando estás inspirada?

    Realmente esta história toda é uma merda, a ensitel também acabou de perder um possível cliente, dado que nunca lá comprei nada.

    Admiro a tua persistência, pá! Pena que não tenha corrido bem, no final.

    Ainda assim, sobressai uma parte boa nisto tudo: há mais gente com os olhos abertos em relação a essa pseudo-loja.
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    Jonasnuts 11.09.2009

    Os trolls têm o condão de me divertir e de me inspirar :)

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    Luís 23.09.2010

    Mais uma para não se sentir sozinha:
    Reparação com garantia numa loja Nokia. Trinta dias depois de entregue o telemóvel e de me dizerem (algures nos 20 dias depois) que iriam trocar por um novo, fui à loja (munido da lei respectiva, já a prever o filme que se seguiria) dizer que queria o telemóvel, visto que já tinha passado o prazo legal para a resolução do problema. Resposta do gerente da loja:
    -Tem toda a razão, a lei está do seu lado. Nós é que não vamos fazer nada por si, porque o telemóvel que lhe está destinado não chegou. Tem de esperar. (o tempo que eles quiserem, entenda-se).
    -Compreende a estupidez do que me acabou de dizer? Se me me diz que a lei me dá razão.
    -Claro que compreendo e tem toda a razão, mas não vou fazer nada para resolver.
    -Então queria o livro de reclamações.
    -Faça favor, já enchemos X número de livros e nunca nos aconteceu nada (não me lembro do número ao certo).
    E realmente não lhes aconteceu nada. Uma semana e tal depois, entregam-me um telemóvel, que não era novo, mas tinha tampas novas. Penso que lhes chamam "em estado semelhante a novo", ou qualquer coisa parecida, que voltou a avariar pouco tempo depois. Software, dizem eles. 
    Desisti. Já não tinha cabeça para aguentar o que conseguiu aguentar com a Ensitel.
    Cumprimentos
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    Jonasnuts 23.09.2010

    Obrigada pela partilha :)

    Tendo em conta o número de comentários e de mensagens que me enviaram por mail, sei que, infelizmente, não estou sozinha :)

    E, mais, tenho ideia de que esta história da Ensitel, no que me diz respeito não está, ainda, terminada. Veremos.
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