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Jonasnuts

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Aulas, conferências, colóquios, palestras e afins

Jonasnuts, 19.05.10

Sou, com alguma frequência, convidada para falar ou conversar em conferências, colóquios, palestras, tertúlias e demais eventos em que o objectivo é partilhar o que sei e o que aprendi, e as dúvidas, e as perguntas.

 

Gosto de o fazer, e quanto mais jovem for a audiência, melhor. As audiências mais jovens são as que nos colocam perguntas mais interessantes.

 

Gosto de ir preparada. Mesmo que seja quase sempre sobre o mesmo tema, eu não digo a mesma coisa, da mesma maneira a 2 audiências diferentes. Gosto de saber as idades, os cursos, as expectativas, as skills. Uma abordagem para uma audiência de 15 anos é muito diferente da abordagem para uma audiência de 20 anos. 5 anos apenas, e a diferença é abissal.

 

Funciono melhor em ambientes informais, em que quem fala está próximo do público, porque gosto de ser interrompida e interpelada. Aquela coisa do palco cria demasiada distância, mas é a situação mais frequente. Gosto das aulas, porque me sento em cima da secretária do professor, o que dá logo um mote descontraído.

 

Tento levar sempre uma apresentação que ilustre o que vou dizer, uma keynote quase sem texto, que do texto trato eu, sempre de improviso. Não leio notas, nem papéis, a não ser que precise de fazer uma citação (o que é raro).

 

Estranho SEMPRE que, quem convida, não queira saber mais sobre o que vou fazer. Normalmente pedem-me o título, a duração, as minhas funções e está a andar. Apresentam-me sempre como Dra, mesmo que eu diga que não.Podem não me conhecer de lado nenhum, mas esperam que a coisa corra bem.

 

Isto tudo a propósito de um sítio onde fui falar ontem, de repente, porque alguém tinha faltado e chegaram a mim. Uma audiência jovem, um painel de 4 pessoas. Um palco. Uma mesa com um arranjo de flores a meio. Microfones. Tudo muito engravatado e composto (quem é que vai de gravata, falar para uma audiência de malta nova?).

 

Eu era a última a falar. A primeira apresentação correu bem, a pessoa em causa ia bem preparada, o tema era apelativo para o target e o orador soube adaptar o discurso à audiência. O segundo participante também tinha sido sacado em cima da hora, não sabia muito bem o que é que iria dizer, e, limitou-se a dizer umas coisitas genéricas, sem grande interesse, mas ditas com muito boa onda. Foi breve. Correu bem.

 

E agora o busílis. O terceiro interveniente. Power point só com texto. Uma intervenção que durou quase uma hora. Uma hora passada a ler os papéis que tinha levado. Um tema que não tinha pés nem cabeça nem interesse para aquela audiência. Resultado? Quando finalmente terminou, a ovação da assistência foi épica e prolongada.

 

Eu sabia que não podia ser pior. Mas também sabia que estava tudo morto para sair dali para fora. Ninguém tem cabeça para ouvir falar seja do que for, depois de uma hora a levar uma seca. Optei pelo curto e grosso, sabendo à partida que 90% do que eu diria ia entrar a 100 e sair a 200. Queriam sair dali, e eu também.

 

Claro que não houve perguntas, nem o ambiente propiciava essa interacção entre quem estava do lado de cá e quem estava do lado de lá.

 

Porque é que quem organiza estas coisas, não se preocupa com a qualidade das intervenções? Ficam muito satisfeitos por poderem dizer que têm um senhor da RTP, uma senhora do SAPO, um senhor não sei mais de onde e pronto. Não lhes interessa se sabem falar, se sabem comunicar, se os temas são interessantes para quem está a ouvir.

 

Isso, e os palestrantes levam-se demasiado a sério. Acham sempre que vão transmitir qualquer coisa e mostram-se pouco disponíveis para receber.

 

Se eu estivesse do lado de lá, tinha saído 5 minutos depois daquele senhor ter começado a falar. Eles não podiam. E eu também não. Mas não me faltou vontade.

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