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Jonasnuts

Jonasnuts

À Ministra da Educação

Jonasnuts, 10.11.08

(Ando um bocadinho armada em Blog postal, com tanta carta aberta, mas é uma questão de estilo).

 

Cara Senhora Ministra da Educação,

 

Tenho acompanhado com interesse todo o processo problemático de avaliação dos professores que tem neste momento em mãos. E tenho-o feito porque, conceptualmente, concordo consigo, é necessário que os professores sejam avaliados, para se premiarem os melhores, e para se ajudar os piores a evoluírem no bom sentido (seja a melhorar as competências seja a mudar de profissão).

 

Para quem está de fora, o processo não é pacífico de entender. Dos soundbites do fim-de-semana o que fica das suas declarações e das declarações do Sr. Primeiro Ministro, é que estão disponíveis para o diálogo (o que é uma coisa boa), e que não há retrocesso. Mas, depois de ir além dos soundbites, fui ver que se calhar não é bem assim, pelo menos na parte do diálogo.

 

Eu não estou do lado de ninguém, ainda. Porque não tenho informação e os conhecimentos necessários para poder tomar partido. Em última análise estou do lado do meu filho, que é estudante. Assim, e porque já fiz um pedido aos representantes dos professores, faço-lhe alguns a si também:

 

1 - No site do Ministério, não catalogue o tema sob a categoria de "Professores". Esta é uma questão que interessa a todos, e uma vez que está tão disponível para o diálogo, inclua nesse diálogo os outros agentes da educação, nomeadamente os pais e os alunos. Vi-me e desejei-me para encontrar informação dirigida a mim. O que me leva à segunda sugestão.

 

2 - Traduza para linguagem de pessoas normais o modelo de avaliação que propõe. Se possível com meia dúzia de exemplos práticos. Uma pessoa que esteja fora do sistema não sabe o que é um professor titular, nem uma direcção executiva, nem serviço não lectivo. Uma espécie de "A proposta do Governo for dummies".

 

3 - Não use a comunicação social (a comunicação social também devia receber uma cartinha minha, já agora) para deturpar a realidade. Bem sei, os soundbites são o que fica e ecoa, mas quem tentar aprofundar um bocadinho a questão, nomeadamente se começar a ler alguns Blogs, ou se tentar decifrar a sua proposta de avaliação, vê que afinal, diálogo e disponibilidade para acordo não são traços da sua actuação mais recente.

 

Porque este é um tema que interessa a todos (ou devia interessar), era importante que fosse comunicado numa linguagem que todos percebam. Eu percebi a parte em que manifestou a disponibilidade para o diálogo, mas, depois de bem espremidinho, não sobrou mais nada que isso e mesmo isso, vai-se a ver melhor, e não é bem assim.

 

Porque, a continuar o actual percurso das coisas, tudo isto passa como um jogo de forças entre o Ministério e os Professores, perdendo-se o foco naqueles que deveriam ser o objectivo primordial do seu trabalho, os alunos.

3 comentários

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    Jonasnuts 10.11.2008

    Eu dei uma vista de olhos a essa lei, através das explicações que a escola do meu filho me deu.

    Independentemente da razão que leva os alunos a faltarem, se faltam, não assistiram a aulas suficientes para aprenderem a matéria que é suposto aprenderem. Nessa perspectiva, faz sentido que tenham mais aulas ou que sejam testados em relação aos conhecimentos que deveriam ter adquirido.

    Quanto aos motivos, se for por doença haverá um atestado, se for porque os pais se estão borrifando para as faltas do filho, os pais devem ser penalizados.
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    Marta Paiva 10.11.2008

    Mas quando um aluno falta porque esteve doente já nós nas escolas faziamos isso, eles tinham de acompanhar a matéria, o que acontece com esta nova lei oa favorecidos são os que não vão às aulas porque não querem, fazem a prova, passam e estão novamente a par, e podem repetir isto as vezes que quiserem ao longo do ano que temos de lhes fazer a prova. Se não forem aprovados na prova temos de lhes fazer um plano de recuperação, com todas e mais algumas actividades que estes alunos que não querem ir àulas, tenham acesso a aulas de apoio, a estratégias diversificadas, por exemplo, de forma a que consiga passar no final do ano, senão estraga as estatísticas do Ministério. Caso faltem à prova, sem justificação, a lei determina a sua retenção ou exclusão. No entanto um aluno que esteja dentro da escolaridade obrigatória, tem de continuar a ir às aulas mesmo que saiba que já reprovou por faltas, logo não se entende esta consequência da não comparência à prova. Esta lei, principalmente este artº, beneficia e muito aqueles que não querem assistir às aulas mas que até têm competências para para atingir o sucesso na escola, se quiserem,, estudarem durante o período anterior à prova...e volta tudo ao "normal". E isto pode acontecer várias vezes durante o ano. Ele/a torna a faltar, mais uma prova, estuda durante um curto período, e passe e depois não vai às aulas na mesma. No final do ano passa da mesma forma que os alunos que foram assiduos e que conseguiram atinguir as competências definidas. O atestado médico de nada serve para que alunos que faltem por doença não façam a prova. Isto serve é para descer as estatísticas do abandono escolar....que ainda preocupavam o Ministério.
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